"A Institucionalização do canto coral no ensino liceal, resultou de um amplo movimento coral e orfeónico que se fez sentir em toda a Europa, consequência da Revolução Francesa.
Um dos principais representantes do movimento coralista é o francês G.L. Bocquillon-Wilhem. Um dos objectivos deste pedagogo musical é tornar a música acessível à generalidade das pessoas, tanto nos seus rudimentos, como na sua prática. Surge assim o primeiro "Orphéon". A sua Associação ao mito de Orfeu, capaz de domar os elementos mais adversos da natureza atraves da música. O modelo criado vai ter uma aceitação entusiástica em toda a França e os seus princípios alastram ao resto da Europa.
Muitos são os musicos portugueses que lamentam que, esse movimento que se fez sentir em toda a europa não tivesse alastrado da mesma forma a Portugal.
Canto coral surge no Curriculo do 1.º Liceu feminino Maria Pia. Com a reforma do ministro Alfredo de Magalhães a disciplina é alargada à totalidade da população Liceal. Pretende-se que contribua "para a educação da voz e do sentido estético e que tenha uma feição nacinalista, com valor moral e que contribua para o desenvolvimento da solidariedade." O ensino deveria basear-se não só no repertório como na aprendizagem dos ensinamentos teóricos. A função educatica do canto coral não deveria ser confundida com a que dava ao aluno do Conservatório, que tinha como missão formar "Artistas".
(1923) Os professores de canto coral serão contratados anualmente pela seguinte ordem: Qualquer professor que pertencesse ao quadro de um liceu; os que já tivessem ensinado canto coral; os professores que nunca tivessem ensinado esta disciplina eram submetidos a provas.
(9 de Maio 1923) Para alé da prestação de provas públicas deverão possuir o diploma do curso de piano e harmonia. Poderão concorrer os diplomados em ciências musicais ou os cursos completos de violino, violoncelo e todos os realizados no Conservatório Nacional de Música.
É publicado o regulamento a 23 de Abril de 1932, com o programa pormenorizado, com os conteúdos e actividades para todo o curso geral. São 3 os objectivos principais: contribuir para a educação das "faculdades emotivas e morais por meio da linguagem musical"; contribuir para o bom funcionamento do aparelho vocal e respiratório com base ritmica; proporcionar o repouso e distracção agradável dos alunos, por oposição às restantes disciplinas que exigem mais a nível cerebral." A função nacional e patriótica não referida nos objectivos é clara na escolha do repertório, na selecção dos textos que devem ter um carácter educativo, patriótico ou recreativo. "despertar gradualmente nos alunos a consciência da Harmonia"
Luís de Freitas Branco apontava a má formação do professor como uma das principais causas do insucesso da disciplina. Vem daqui a má ideia de que o músico não precisa de cultura geral.
(1942) Queriam que fosse dada a responsabilidade à Mocidade Portuguesa, de levar o canto coral mais a fundo, a várias vozes. Que se juntassem anualmente os vários orfeões numa competição maciça a nível nacional, para que pudessem entoar "canticos marciais de carácter patriótico, enaltecedores e vibrantes, convenientemente musicados".
Os fracos resultados eram apontados pela falta de professores, falta de instalações, falta de tempo para os ensaios ou a falta de condições vocais dos alunos. Nos mapas das escolas constavam o número de alunos excluídos por "defeito orgânico, desafinação, falta de ritmo".
(1947) "é preciso dispensar toda a matéria que não se revele imediatamente prática - Canto Coral.
In
"Canto Coral como representação Nacionalista 2003 - Maria José Artiaga
